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Por
Amilton Almeida
2023

Produção
Cemitérios Sagrados

Já bem doente

Quase por morrer

me colocaram sozinho numa cama, um velho raquítico, frágil como o bicho-da-seda para enfrentar seus últimos dias

O aposento dava para espiar o mundo apenas no canto dos olhos

O que poderiam fazer por mim

A não ser vigiar da janela duas ou três vezes por dia, um homem no fim da vida, embrulhado num lençol de elástico, cheirando a roupa suja

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O puxado era a conta medida do tamanho da cama, de um canto a outro

Havia um ventilador, um mosqueteiro e um remendo de um cristo crucificado que guardei desde a festa da padroeira, em 1985

De minha frente, tinha também uma janelinha, velha como eu, quase sem segurança alguma, escanteada pro lado, já desabando

Na minha condição, poder olhar a rua era uma alegria, como se a janela fosse um quadro antigo

§§§§§§

Havia uma jovenzinha que passava todo dia em minha janela para perguntar como eu estava

Uma moça educada e bem faceira, ela fazia recordar Maria, com seus cabelos pretos, bem curtinhos, falava devagar, olhando no fundo dos meus olhos, com ar de preocupada

§§§

Certo dia, o tempo soprou Mariazinha até meu quarto

Foi esse o dia mais feliz de minha vida

Sorrateira, cuidadosa para que ninquém visse, pulou minha janelinha, se aproximou da cama e segurou minhas mãos

Senti seu hálito de algodão doce em meu rosto e a janela se fechou

Pra sempre.

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1930-1999

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